sexta-feira, 19 de abril de 2013




“Eu sou pra depois de amanhã”
Abrigo pros meus pecados e virtudes
Sou o sorriso largo no porta-retratos,
Mas também o desespero sob a superfície.
Eu sou a mão delicada da chuva no seu rosto
O punho cerrado da tempestade sobre a sua casa
Tudo é a mesma chuva, sob condições diferentes.
Sou a paisagem tranquila de Monet
O Jardim das Delícias de Bosch
Eu sou a palavra escrita e nunca a falada
Sou a catarse castrada, mas sempre iminente.
Minha calma me assusta,
Tanto pelo que esconde quanto pelo que revela
Sou as virtudes que exibo,
Mas também o mal que mantenho sob vigília constante
Às vezes ele se faz necessário e me escapa por alguma fresta
É impossível sobreviver sem um pouco de maldade
Eu canto, mas nada espanto.
Não me engano com a esperança
Bebo da sua água, mas não me farto.
Já me iludi por acreditar demais
Matei Deus e agora sigo sem o conforto fácil do sobrenatural
Sou cético e não niilista.
Eu, cujo “amor ousou dizer seu nome”,
Às vezes me valho da ignorância alheia pra dizer sem dizer.
Não é pra todo mundo que um pingo é letra
Eu amo este mundo e a alegria de ser carne
Carne e consciência (e inconsciência), nada mais.
E todas as coisas, belas e sujas, que implicam ser carne e consciência.
Eu que depois daqui não vou a lugar nenhum
Tenho o tempo da minha vida pra tornar-me.
Por enquanto sou só até aqui
O resto é porvir.
Sou o espaço a ser preenchido pelas minhas escolhas,


                                                                          
                                                                               Charles F. Miranda

* Coisa de adolescente pretensioso kkkkkkk

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