“Eu sou pra depois de
amanhã”
Abrigo pros meus
pecados e virtudes
Sou o sorriso largo
no porta-retratos,
Mas também o
desespero sob a superfície.
Eu sou a mão delicada
da chuva no seu rosto
O punho cerrado da
tempestade sobre a sua casa
Tudo é a mesma chuva,
sob condições diferentes.
Sou a paisagem tranquila
de Monet
O Jardim das Delícias
de Bosch
Eu sou a palavra
escrita e nunca a falada
Sou a catarse castrada,
mas sempre iminente.
Minha calma me
assusta,
Tanto pelo que
esconde quanto pelo que revela
Sou as virtudes que
exibo,
Mas também o mal que
mantenho sob vigília constante
Às vezes ele se faz
necessário e me escapa por alguma fresta
É impossível
sobreviver sem um pouco de maldade
Eu canto, mas nada
espanto.
Não me engano com a
esperança
Bebo da sua água, mas
não me farto.
Já me iludi por
acreditar demais
Matei Deus e agora sigo
sem o conforto fácil do sobrenatural
Sou cético e não
niilista.
Eu, cujo “amor ousou
dizer seu nome”,
Às vezes me valho da
ignorância alheia pra dizer sem dizer.
Não é pra todo mundo
que um pingo é letra
Eu amo este mundo e a
alegria de ser carne
Carne e consciência (e
inconsciência), nada mais.
E todas as coisas,
belas e sujas, que implicam ser carne e consciência.
Eu que depois daqui
não vou a lugar nenhum
Tenho o tempo da minha
vida pra tornar-me.
Por enquanto sou só
até aqui
O resto é porvir.
Sou o espaço a ser
preenchido pelas minhas escolhas,
Charles F.
Miranda
* Coisa de adolescente pretensioso kkkkkkk
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