sexta-feira, 19 de abril de 2013

Pro meu amor




Sou eu quem fica à espera
Ansioso por tudo que é você
Seu corpo
Essa pele branca onde procuro abrigo
Esses olhos de mar.
Vontade da tua boca
Teu cheiro entranhado em mim
O desejo reto e teso
Teu gozo farto.
Quando você vai
Pedaço
Quando você volta
Refaço.

Charles F. Miranda



“Eu sou pra depois de amanhã”
Abrigo pros meus pecados e virtudes
Sou o sorriso largo no porta-retratos,
Mas também o desespero sob a superfície.
Eu sou a mão delicada da chuva no seu rosto
O punho cerrado da tempestade sobre a sua casa
Tudo é a mesma chuva, sob condições diferentes.
Sou a paisagem tranquila de Monet
O Jardim das Delícias de Bosch
Eu sou a palavra escrita e nunca a falada
Sou a catarse castrada, mas sempre iminente.
Minha calma me assusta,
Tanto pelo que esconde quanto pelo que revela
Sou as virtudes que exibo,
Mas também o mal que mantenho sob vigília constante
Às vezes ele se faz necessário e me escapa por alguma fresta
É impossível sobreviver sem um pouco de maldade
Eu canto, mas nada espanto.
Não me engano com a esperança
Bebo da sua água, mas não me farto.
Já me iludi por acreditar demais
Matei Deus e agora sigo sem o conforto fácil do sobrenatural
Sou cético e não niilista.
Eu, cujo “amor ousou dizer seu nome”,
Às vezes me valho da ignorância alheia pra dizer sem dizer.
Não é pra todo mundo que um pingo é letra
Eu amo este mundo e a alegria de ser carne
Carne e consciência (e inconsciência), nada mais.
E todas as coisas, belas e sujas, que implicam ser carne e consciência.
Eu que depois daqui não vou a lugar nenhum
Tenho o tempo da minha vida pra tornar-me.
Por enquanto sou só até aqui
O resto é porvir.
Sou o espaço a ser preenchido pelas minhas escolhas,


                                                                          
                                                                               Charles F. Miranda

* Coisa de adolescente pretensioso kkkkkkk

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

PREFIRO...



Sou rio
Me represa no teu peito
Se alegra no meu leito
Mancha meu lençol com seu desejo
Ondula minhas águas com teus beijos.
Me olha no olho, me encara
Diz que me ama e me para
Que eu deixo de ser rio pra me acalmar na sua palma
Reflete em meu espelho a sua alma.
Se enxerga em mim, me habita
Me deixa povoar tua saudade
Me abriga na tua vontade
Me tome aos goles, me sorve
Me mantenha, me comporte
Que o vento já vem, soprando forte, me levar.
E eu quero ficar
Prefiro te amar a ser mar.



Charles F. Miranda


sexta-feira, 30 de julho de 2010

Desamor



Motel barato

Luz pálida e sem espelhos

Quem quer se enxergar em lençóis rotos pelo atrito de tanta sordidez?

Sinto um cheiro de mofo que poderia jurar que vem de algum lugar em mim

Insetos em volta da lâmpada me distraem

Enquanto tua boca me fela

E me diz indecências que pensa que eu quero ouvir.

Meus dedos te percorrem sem delicadeza

E te conhecem em cada curva e vão

Não porque sejam íntimos, as minhas mãos e o teu corpo,

Mas porque não é diferente de qualquer outra puta que a miséria pariu.

Enquanto faz o seu dispensável jogo de cena

Achando que te paguei pra me agradar com mentiras

Percebo que na verdade o mofo vem de você

Do que deixou guardado esperando dias melhores.

E você se perfuma, se pinta e põe um sorriso na cara

Tentando esconder a desesperança que já se alastrou em metástase.

E se entrega a toda sorte de ridículos homens

Com suas ladainhas carentes e brutos paus duros

Sujeita a tudo o que tua condição lhe obriga e ao que o dinheiro paga.

Te sodomizo, alheio ao teu desconforto e à triste biografia que te fiz na cabeça.

E nem me importo se porventura

Alguma imundície tua sujar meu sexo

Sigo sem melindres para o desfecho do que me trouxe aqui

E esguicho meu prazer sem culpa

Eu não criei a miséria de quem és filha, só me alimento dela.

Seu gozo mal dissimulado me dá vontade de te pedir desconto

Rio dos meus pensamentos enquanto me livro do preservativo

E do pouco de afeição que me forcei a ter por você

Vai pro lixo misturado ao látex e secreções

Você ainda tenta, inutilmente, me iludir com as manhas do metier

Pobre puta que não sabe a hora de sair de cena

Permaneço calado e indiferente a qualquer bobagem que digas

Meu desejo já flácido me impede qualquer fingimento

Só quero um banho pra me limpar desse desamor.




Charles F. Miranda




terça-feira, 24 de novembro de 2009



Meu amor tem urgência
Tem sede, tem fome.
Meu amor detesta desculpas
Dor de cabeça, cansaço, sono.
Meu amor é pra agora
É já, é quando.
Meu amor é algo no qual não mando
Meu amor é intenso, é nervo, é estômago.
Meu amor é no osso, é na pele, no pêlo.
Tem o cheiro forte de desespero
Meu amor é o beijo que avoluma o sexo
É minha mão no seu pescoço, meus dentes cravados com delícia.
Meu amor é o sopro frágil e quente que te arrepia
É meu olho que te entrega tudo
Meu amor é o pensamento do qual já não sou dono
É a minha vontade de te fazer rimas, de te colocar pra cima.
Meu amor é avesso a distâncias
O seu onde é sempre perto
Meu amor vai de trem, de ônibus, vai a pé.
E chega onde quer que você esteja
Meu amor chora e não se esconde, não nega que ama.
Meu amor é maiúsculo, é superlativo!
Qualquer coisa diferente disso pra mim não é amor
É conveniência.


Charles Ferreira Miranda


terça-feira, 20 de outubro de 2009

Sobre o 6º Sentido ...



Fabi, na minha completa ignorância sobre o assunto e querendo fugir de um possível processo da sua parte, coloquei essa foto que achei bem divertida (bom ... eu sou do tempo do Pac Man, então entendi a piada kkkk). Meu 6º sentido tá me dizendo que você vai gostar!! Não? Droga .. to dizendo que não entendo nada disso kkkk!!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

"Vai morar com o 7 pele que é imortal..."


Um único amor me matou mil vezes
E eu, pobre imbecil, morri com gosto todas as mil.
Só me restou de tudo isso
Uma alma mais dura,
Uma queimação no estômago
E um pé atrás que não me abandona.
Mas aprendi que não há meio termo.
Mesmo que não se diga
Que não se perceba
Ou que se finja que não,
Há sempre alguém matando ou morrendo no amor.
E eu que já me excedi no morrer,
Agora mato.


Charles F. Miranda
PS: Isso foi escrito num momento específico onde cada palavra cabia e tinha ares de verdade absoluta. Mas claro que hoje se tiver que morrer de amor, eu morro ... só que agora morro uma vez só! Como já disse Djavan: "Morrer de amor não é o fim, mas me acaba."