A teus Sentidos
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Pro meu amor
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
PREFIRO...

Sou rio
Me represa no teu peito
Se alegra no meu leito
Mancha meu lençol com seu desejo
Ondula minhas águas com teus beijos.
Me olha no olho, me encara
Diz que me ama e me para
Que eu deixo de ser rio pra me acalmar na sua palma
Reflete em meu espelho a sua alma.
Se enxerga em mim, me habita
Me deixa povoar tua saudade
Me abriga na tua vontade
Me tome aos goles, me sorve
Me mantenha, me comporte
Que o vento já vem, soprando forte, me levar.
E eu quero ficar
Prefiro te amar a ser mar.
Charles F. Miranda
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Desamor

Motel barato
Luz pálida e sem espelhos
Quem quer se enxergar em lençóis rotos pelo atrito de tanta sordidez?
Sinto um cheiro de mofo que poderia jurar que vem de algum lugar em mim
Insetos em volta da lâmpada me distraem
Enquanto tua boca me fela
E me diz indecências que pensa que eu quero ouvir.
Meus dedos te percorrem sem delicadeza
E te conhecem em cada curva e vão
Não porque sejam íntimos, as minhas mãos e o teu corpo,
Mas porque não é diferente de qualquer outra puta que a miséria pariu.
Enquanto faz o seu dispensável jogo de cena
Achando que te paguei pra me agradar com mentiras
Percebo que na verdade o mofo vem de você
Do que deixou guardado esperando dias melhores.
E você se perfuma, se pinta e põe um sorriso na cara
Tentando esconder a desesperança que já se alastrou em metástase.
E se entrega a toda sorte de ridículos homens
Com suas ladainhas carentes e brutos paus duros
Sujeita a tudo o que tua condição lhe obriga e ao que o dinheiro paga.
Te sodomizo, alheio ao teu desconforto e à triste biografia que te fiz na cabeça.
E nem me importo se porventura
Alguma imundície tua sujar meu sexo
Sigo sem melindres para o desfecho do que me trouxe aqui
E esguicho meu prazer sem culpa
Eu não criei a miséria de quem és filha, só me alimento dela.
Seu gozo mal dissimulado me dá vontade de te pedir desconto
Rio dos meus pensamentos enquanto me livro do preservativo
E do pouco de afeição que me forcei a ter por você
Vai pro lixo misturado ao látex e secreções
Você ainda tenta, inutilmente, me iludir com as manhas do metier
Pobre puta que não sabe a hora de sair de cena
Permaneço calado e indiferente a qualquer bobagem que digas
Meu desejo já flácido me impede qualquer fingimento
Só quero um banho pra me limpar desse desamor.
Charles F. Miranda
terça-feira, 24 de novembro de 2009

Meu amor tem urgência
Tem sede, tem fome.
Meu amor detesta desculpas
Dor de cabeça, cansaço, sono.
Meu amor é pra agora
É já, é quando.
Meu amor é algo no qual não mando
Meu amor é intenso, é nervo, é estômago.
Meu amor é no osso, é na pele, no pêlo.
Tem o cheiro forte de desespero
Meu amor é o beijo que avoluma o sexo
É minha mão no seu pescoço, meus dentes cravados com delícia.
Meu amor é o sopro frágil e quente que te arrepia
É meu olho que te entrega tudo
Meu amor é o pensamento do qual já não sou dono
É a minha vontade de te fazer rimas, de te colocar pra cima.
Meu amor é avesso a distâncias
O seu onde é sempre perto
Meu amor vai de trem, de ônibus, vai a pé.
E chega onde quer que você esteja
Meu amor chora e não se esconde, não nega que ama.
Meu amor é maiúsculo, é superlativo!
Qualquer coisa diferente disso pra mim não é amor
É conveniência.
Charles Ferreira Miranda
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Sobre o 6º Sentido ...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009
"Vai morar com o 7 pele que é imortal..."

Um único amor me matou mil vezes
E eu, pobre imbecil, morri com gosto todas as mil.
Só me restou de tudo isso
Uma alma mais dura,
Uma queimação no estômago
E um pé atrás que não me abandona.
Mas aprendi que não há meio termo.
Mesmo que não se diga
Que não se perceba
Ou que se finja que não,
Há sempre alguém matando ou morrendo no amor.
E eu que já me excedi no morrer,
Agora mato.
Charles F. Miranda