
Vocês já ouviram falar em Bareback? Eu tomei conhecimento do termo há pouco tempo ao ler uma matéria na revista Isto É, e mais uma vez me surpreendi com o ser humano. Infelizmente, nesse caso, de forma negativa. O Bareback (ou montar o cavalo sem sela) é uma prática sexual com muitos adeptos nos Estados Unidos e Europa e que agora começa a chegar ao Brasil, onde os praticantes fazem sexo anal sem camisinha.
Claro que o que me surpreendeu não foi saber que essas pessoas fazem sexo sem proteção... apesar de todas as campanhas a gente sabe que isso acontece muito e quando algo dá errado nem se pode culpar a falta de informação. O que me assusta é a intenção por trás da prática do Bareback (intenção que não há em quem, numa eventualidade ou por achar que o parceiro é 100% confiável, pratica sexo sem segurança). Numa primeira leitura seria apenas uma "busca mais livre do prazer", mas junto disso vem o fato de que os participantes acham excitante o risco de contrair HIV nessa prática e, mais preocupante ainda, alguns desejam contrair o vírus e assim acabarem com a "ansiedade e a angústia frente ao possível contágio pelo HIV uma vez que já se sabem soropositivos, e como tal a utilização do preservativo passaria a ser descartada". Alegam também que "devido aos avanços atuais relacionados ao tratamento anti-HIV (terapia anti-retroviral ... que aliás tem efeitos colaterias bem desgastantes) e ao acesso a ele, em caso de contágio sua qualidade de vida não sofreria qualquer tipo de impacto negativo, já que os medicamentos ao inibirem a reprodução do vírus e potencializar o sistema imunológico, impediriam o surgimento de enfermidades oportunistas". O Bareback se dá em grupos mistos (soropositivos e negativos) onde os participantes não sabem quem tem e quem não tem o vírus numa verdadeira roleta russa. E em grupos só de soropositivos, que acham erroneamente que o sexo entre portadores não poderia piorar a situação (nesse caso há uma reexposição virótica que dificulta muito o tratamento, além de que, o HIV não é de um tipo só por sofrer mutações). É um erro também afirmar que essa prática só aconteça entre homossexuais (embora sejam maioria) ... bissexuais e heterossexuias também se arriscam nesse jogo suicida.
Enfim, tudo isso que falei vocês podem encontrar na net com muito mais informações e até relatos de alguns barebackers. Só queria registrar minha perplexidade diante da ignorância e do descaso do Ser Humano pela própria vida. Tratar a AIDS (fora outras DSTs que se pode pegar nessa "brincadeira") como algo menor e irrelevante em relação ao prazer que buscam é no mínimo um pensamento infeliz. Sei que cada um faz da sua vida o que achar melhor, mas é lamentável saber que alguns usam o livre arbítrio em coisas tão deprimentes. "O meu tesão agora é risco de vida" cantou Cazuza ... triste saber que tem gente achando isso o máximo!
PS: E já que estou falando de desrespeito pela vida, ignorância e exemplos de como a raça humana pode ser nociva ... não poderia deixar de lembrar que hoje faz 8 anos desde os atentados de 11 de Setembro nos EUA. Sabendo que o ser humano é capaz de atentar contra a própria vida, não é de se estranhar que a vida do outro não lhe faça a menor diferença.
Charles F. Miranda