quarta-feira, 16 de setembro de 2009
S.O.S
Salve-me do impossível
Do tempo, do medo
Salve-me da mobília empoeirada
Do sofá da sala, da televisão ligada
Salve-me da canção triste no rádio
Do silêncio insuportável dessas quatro paredes
Salve-me do dia-a-dia, do nada
Da obrigação de ser feliz
Salve-me do que não posso ter
Do que não devo, do que me atrevo
Salve-me das pessoas que não sabem amar
Salve-me de me tornar uma delas
Salve-me de mim
Da minha memória insistente
Salve-me do que invento pra seguir em frente
Salve-me desse amor
Que me deixa claro e me entrega
Salve-me de você
Do que és e do que me negas
Salve-me das regras, de ter que cumprir metas
Dos dogmas, convenções, dos guetos
De ter que agradar aos Troianos e aos Gregos
Salve-me de Deus e do Diabo
Salve-me do que sinto e do que falo
E do caralho a quatro!!
Não sei como se faz isso
Apenas beije-me, e nada mais tem importância
E ainda que breve, estou salvo...
Só não me salve da ingenuidade de acreditar nisso.
Charles F. Miranda
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4 comentários:
AHHHH! Charles... me fez chorar ao ler seu poema.
Como ele pulsa... é o que sinto exatamente nesse momento!!!
Belo, belo, belo!!!
Bjssssssssss
Charles!
Lindo Poema,e essa frase cabe bem em mim:kkk "Salve-me do impossível
do tempo, do medo"!
Eu penso que podemos nos reinventar e a questão não é que as coisas passam, é que nos apegamos as coisas boas já vividas, quem dera ter o poder em fraudar o tempo, congelar um momento bem-vivido, não aqueles da minha verde juventude, mas os das experiencias de agora já amadurecida.Creio que a tempo percebi que a mágica de tudo é viver o presente em todos os sentidos e dar-se o direito mesmo que momentaneamente vislumbrar o futuro porque o que dá sentido a vida é aquilo que não tem definição!
Parabéns Charles!
bjus
Lindo, Charles!!! Só o q posso dizer!!!! Em certos momentos terrível, mas acho q isso o torna mais interessante, sobretudo no belíssimo verso: "Salve-me do que invento pra seguir em frente"
É terrivelmente doloroso, mas lindo!!!!
mt mt mt bom, Charles!!!!
Taí um dos poemas seus que eu mais gosto.
No começo quando li busquei nele a sensualidade do sentido das palavras que vc usa... E talvez por isso achei que tinha alguma coisa que destoava. Mas depois vi que não era bem por aí que tinha que receber o poema. Percebi depois esse grito, essa vontade de repudiar e proclamar os seus sentimentos e desejos. Mas não são esses últimos ( na minha humilde opinião kkkkk) que estão em pauta, mas sim a vontade do grito.
Então me veio a associação imediata: esse poema é um "Ode ao burguês" do Mário versão Charles ! rsrsrs
Só que o grito aqui é outro...É pós-moderno! rsrsrs
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