Sabe esses dias em que tudo dá certo e que nem se você quisesse, por força do hábito, conseguiria se sabotar e não notar que é feliz pra caramba? Pois foi assim meu fim de semana... cheio de “horinhas de descuido”. Nada fantasioso ou inacreditável... apenas a felicidade real, possível, clara, disponível ali pra se servir a mancheia. E eu me servi sem nenhuma cerimônia!
Maria Gadú nem sabe, mas teve participação especial na minha sexta-feira. Se o seu cd de estréia é uma das melhores coisas que eu ouvi na MPB esse ano, vê-la ao vivo é ainda melhor! Sentada em posição de lótus num banquinho, jeito de menina tímida que logo se desfaz quando começa a cantar com voz doce e cheia de personalidade. Tá só começando, e assim como meu fim de semana... promete!
Depois de uma semana inteira de chuva, sábado de sol no Rio de Janeiro! Andar no calçadão com a pessoa que se ama, cerveja gelada, jogar conversa fora, rir das esquisitices alheias, tomar sorvete e ficar olhando o mar até o sol cair por detrás dos prédios. Encontrar um grande amigo, compartilhar a alegria, trocar idéias sobre coisas tão irrelevantes como desejos não contidos que nos deixam numa Saia Justa e enumerar as cantoras de MPB que não são lésbicas, assistir um filme sentindo o cheiro da pipoca que queimou no microondas e ir dormir prometendo acordar cedo pra aproveitar o dia.
Domingo, véspera de voltar à rotina, mas só agora escrevendo esse post eu pensei nisso. Tinha mais com o que não me preocupar... tomar coca-cola no café da manhã, sessão de fotos, suecos atrapalhando meu enquadramento, presenciar a criação de um eufemismo, dar risada de tudo e não ter que ser politicamente correto, matar a sede com mate gelado e limão, mar agitado, cheiro de bronzeador e queijo coalho com orégano, olhares furtivos por trás dos óculos escuros. Sexo no banheiro, tomar um banho demorado e tirar o sal do corpo, fazer um café bem quente e tomar devagar pra adiar um pouco mais o inevitável.
Felicidade é química (“Deus” também né Well kkk)! Química entre vários elementos que estão presentes o tempo todo, mas nem sempre no mesmo lugar e hora... e é isso que faz toda a diferença. Boa música, o amor, beijo na boca, abraços afetuosos, amigos, conversas, a beleza do RJ, tudo junto num momento de completo distanciamento do cotidiano. Não que não se possa ser feliz no dia a dia, mas que é mais fácil perceber que viver é coisa muito boa quando nos afastamos dessa vida de todos os dias, disso não tenho dúvidas.
Segunda-feira eu volto a falar mal de tudo, a reclamar que minha vida é uma merda e a perder tempo tentando descobrir o segredo que já sei, mas finjo que esqueço... porque assim fica mais saboroso quando dias como esses se revelam tão simples e possíveis.
PS: Pro meu amor amigo, pro meu amigo Wellington, pro meu primo e amigo Filipe que foi ao show comigo e pra minha amiga Fabi que não pôde ir e fez falta! Elementos indispensáveis pra essa química acontecer!
Charles F. Miranda